A história da expansão da Votorantim pelo Brasil tem uma série de episódios importantes e se inicia nos anos 1940.

O Brasil estava passando por um importante processo de desenvolvimento industrial nos anos 1930 e 1940 e a Votorantim desempenhou um papel fundamental no processo. Com as dificuldades econômicas impostas pela Segunda Guerra Mundial e as restrições na importação de produtos, o país vê-se obrigado a um esforço de ampliar seu parque industrial e aumentar sua produção. 

Em 1942, Antonio Pereira Ignacio escreve ao interventor Agamenon Magalhães: “Eu também, desde quando me tornei industrial, pelo meu próprio esforço, oriundo da banda de um humilde sapateiro, adquiri uma noção pessoal da indústria e da verdadeira função de um industrial. O Brasil precisa de uma vigorosa expansão industrial. Certo disso, determinei sempre que os lucros das minhas indústrias fossem mobilizados em favor de novas fábricas. Outros poderão dizer que tem muito dinheiro. Eu me satisfaço em confessar que elas estão à serviço do Brasil. Entendo que só é legítimo o esforço industrial quando pode expandir-se dentro da Nação. Não compreendo a indústria em função de um e espírito regional, deve viver da Nação para a Nação. Em vez de gastar 20.000:000$000 na Fábrica de Cimento Poty desta capital, eu podia ter montado mais dois fornos de cimento em São Paulo. Seria um dispêndio muito menor, incalculadamente mais renhido. Orientei-me, contudo, por outros pensamentos: Pernambuco precisava de uma indústria própria e estava em condições de merecê-la. As possibilidades deste Estado como centro irradiador para todas as regiões do Norte e Nordeste brasileiro não podiam deixar de ser levadas em conta”. 

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

 

Por que o Nordeste? 

A escassez do cimento no mercado, a existência de jazidas de calcário de alta qualidade e a demanda crescente em função de processos de urbanização das cidades nordestinas foram fatores cruciais para a escolha de Pernambuco como sede para a nova fábrica de cimento da Votorantim. Soma-se a tais fatores econômicos, a ligação de José Ermírio de Moraes com seu Estado de origem. Em 1942, inaugura-se, assim, a Fábrica de Cimento Poty, no munícipio de Paulista, interior de Pernambuco. A cidade apresentava uma localização estratégica para distribuição do produto no Estado e no Nordeste. 

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Poty Paulista foi uma das primeiras fábricas de cimento de grande porte no Nordeste, sua produção atenderia as necessidades de toda a região e chegaria a 450 toneladas diárias de cimento. 

Durante as décadas de 1930 e 1940, Recife estava passando por um intenso processo de reestruturação urbana, cerca de 30% das residências da cidade eram compostas por mocambos – moradias populares precárias construídas com madeira, palha e barro – e o governo pernambucano estava empenhado em mudar essa situação. O desafio era a construção de casas populares para substituir os mocambos. A Fábrica de Cimento Poty chegara em um momento oportuno também para este impulso construtivo. 

Em sua inauguração, dia 23 de março de 1942, José Ermírio de Moraes anunciou que os cinco primeiros sacos de cimento seriam doados simbolicamente à “Liga Social Contra o Mocambo”, instituição criada pelo interventor federal Agamenon Magalhães para prover casas à população de baixa renda da região, e tais sacos de cimentos foram doados ao Museu do Estado de Pernambuco para que quatro desses fossem leiloados e a renda obtida fosse destinada à construção de casas populares. 

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Sob o comando de Clóvis Scripilliti 

Clóvis Scripilliti, paulista formado em Engenharia, casou-se com Maria Helena de Moraes, filha de José Ermírio de Moraes em 1958. Foi convidado a trabalhar na Votorantim em 1960, quando José Ermírio confia em sua administração para tocar os negócios do Nordeste do país, entre eles, um de seus maiores empreendimentos, a Fábrica de Cimento Poty. Em 1963, ele amplia a fábrica, instalando um novo forno elevando a produção para 700 toneladas de cimento por dia. 

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Em pouco tempo, começa a explorar as jazidas e o solo de todo o Nordeste do país, em busca de melhor local para instalar novas fábricas. Ainda no início da década de 1960, Clóvis lidera a aquisição de duas usinas de açúcar. Em 1967 inaugura a Cimento Portland Sergipe e, em 1968, a Companhia Cearense de Cimento. 

Com infraestrutura precária, a região não possuía um sistema de comunicação bem estruturado que pudesse ligar todas as fábricas do Nordeste. 

Clóvis decide, então, criar um sistema interno de comunicação via rádio, pelo qual diariamente todos os números de produções eram passados a seu controle. O gestor também criou uma empresa de transporte exclusivo para que o cimento da Votorantim chegasse até as partes mais remotas do Nordeste. Em 1970 é inaugurada mais um forno da Fábrica Poty, finalizando assim o seu ciclo de expansão. 

As fábricas de cimento no Nordeste ajudaram a Votorantim se tornar uma das maiores companhias do Brasil, possuindo em torno de 30% da produção nacional. Em 1977, quando a Votorantim compra a Companhia de Cimento Portland Itaú, se torna líder do segmento no país com uma produção de 40% em participação no mercado. 

É neste período também que os primeiros embarques de cimento para fora do país começam a acontecer. A Fábrica Poty inicia a exportação de seus produtos para a África, pelo porto no Rio Timbó, cuja foz em Paulista levam suas águas para o Oceano Atlântico. 

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim

Fotografia parte do acervo Memória Votorantim