Nitro Química
Em 1935, uma pequena nota publicada na imprensa americana provocaria grandes transformações na indústria brasileira. Ela divulgava o fim das atividades da Tubize Chatillon Corporation, de Hopwell (Virgínia), fabricante de seda artificial e outros produtos químicos. A notícia despertou no industrial Wolf Klabin o interesse de transferir aquele maquinário desativado para o Brasil, que então […]
Em 1935, uma pequena nota publicada na imprensa americana provocaria grandes transformações na indústria brasileira. Ela divulgava o fim das atividades da Tubize Chatillon Corporation, de Hopwell (Virgínia), fabricante de seda artificial e outros produtos químicos. A notícia despertou no industrial Wolf Klabin o interesse de transferir aquele maquinário desativado para o Brasil, que então emergia da crise mundial. De imediato, foi proposta uma associação entre os americanos da Tubize, a Klabin e as Indústrias Votorantim. Essas últimas tinham longa experiência no setor têxtil, e seu diretor executivo, José Ermírio de Moraes, tinha reputação de energia no trabalho e poder de liderança.
Primeiro grupo de funcionários da Nitro Química
Aspectos da fábrica
Após um grande esforço logístico, a fábrica foi montada e inaugurada em São Miguel Paulista, então zona rural da cidade de São Paulo. Antes de 1938, a empresa já fabricava 28 toneladas de viscose por mês, ao mesmo tempo que gerava subprodutos químicos de base: ácido nítrico, sulfato de sódio, éter e variedades de nitrocelulose, de importância estratégica para o país.
Propaganda de produtos da Nitro Química
Band Jazz Nitro, formada por funcionários da fábrica
Clube de Regatas da Nitro Química
Em 26 de abril de 1940 a fábrica era inaugurada oficialmente pelo então presidente Getúlio Vargas. Uma nova conjuntura permitiu a reformulação tecnológica, com Eduardo Sabino de Oliveira a frente da diretoria técnica. A fábrica ganhou movimentação, construções, adaptações das antigas instalações, tudo para absorver uma nova unidade, inaugurada em 1948.
Eduardo Sabino era pai de Anna Maria de Oliveira Moraes, da terceira geração da família acionista. Ali ela cresceu e conheceu Ermírio de Pereira de Moraes.
Eduardo Sabino de Oliveira e sua filha Anna Maria na Nitro Química
Aspectos da fábrica
Junto com o sucesso comercial e o desenvolvimento industrial dos anos 1940, teve início uma política de benefícios e apoio social aos funcionários, consolidada pela construção do restaurante e do berçário e pela implantação da assistência médico- ambulatorial, foi complementada com a fundação do Clube de Regatas Nitro Química e da Escola Senai (que, em 1968, receberia o nome de seu fundador, senador José Ermírio de Moraes), para formar mão-de-obra especializada.
Escola Senai
Escola Senai
Aspectos da fábrica
A Nitro Química iniciou nova etapa, marcada por investimentos na qualidade e na diversificação dos produtos. Em rápida sucessão, instalaram-se as fábricas de dissulfeto de carbono, flocoviscose, soda e derivados, ácido sulfúrico, fio viscose para pneumáticos e celulose de línter, e houve a renovação completa da usina termoelétrica de São Miguel (a “Casa de Força”). Também se investiu na compra de grandes glebas em Itapetininga (SP), que então foram reflorestadas visando produzir celulose, e na constituição da Rilsan Brasileira, que fabricaria em Osasco (SP) fios de náilon obtido do óleo de mamona.
Aspectos da fábrica
A reestruturação então iniciada passou por alterações societárias: a saída do grupo Klabin deixou a Votorantim com a quase totalidade das ações e da direção. José Ermírio de Moraes assumiu a presidência, e seu filho Ermírio Pereira de Moraes, diretor desde 1959, a vice-presidência. No plano operacional, a companhia foi reorganizada, com a eliminação de atividades inviáveis, a formação de novos quadros diretores, a racionalização administrativa e a melhoria dos setores com potencial de expansão e rentabilidade.
Produtos da Nitro Química
Nas décadas seguintes, paralelamente à modernização da tecnologia e das instalações, a companhia otimizou seus procedimentos empresariais e administrativos. Criou-se o Centro de Processamento de Dados, que foi o embrião da informatização, e extinguiu- se o escritório central, que funcionava no antigo prédio do Hotel Esplanada.
Centro de processamento de dados
No início dos anos 1990, a Nitro Química mantinha-se em situação confortável e atuante, desenvolvendo matérias-primas para a indústria têxtil e produtos químicos de base. Com a abertura econômica em que o Brasil se engajou irreversivelmente, outra reestruturação foi necessária, para colocar a empresa em igualdade de condições com os líderes mundiais em tecnologia e qualidade.
Entrada da fábrica
Em 2011, com a estratégia de ajustes do seu portfólio de negócios, a Votorantim vende a Nitro Química e se retira do setor químico. Anos antes já havia alienado ativos da Igarassu e repassado sua participação na Nordesclor.
Hoje a Nitro pertence ao Grupo Faro e é reconhecida mundialmente pela segurança de suas operações, que contam com mais de oito décadas de competência, iniciadas pelo empreendedorismo de Wolf Klabin e José Ermírio de Moraes.