Boleiros e Industriais
A história do Brasil, da Votorantim e do futebol brasileiro se misturam no século 20 em momentos imortalizados em nosso acervo. O final do século 19 no Brasil foi um período conturbado e com muitas mudanças políticas e sociais: Abolia-se a escravatura, proclamava-se a República, e uma nova ordem social se instalava no país. Com […]
A história do Brasil, da Votorantim e do futebol brasileiro se misturam no século 20 em momentos imortalizados em nosso acervo.
O final do século 19 no Brasil foi um período conturbado e com muitas mudanças políticas e sociais: Abolia-se a escravatura, proclamava-se a República, e uma nova ordem social se instalava no país. Com isso, a vinda de imigrantes, principalmente da Europa, foi um dos pontos altos do movimento populacional no fim deste século. A mão de obra européia tornou-se uma das principais forças de trabalho no país que estava lentamente se industrializando, e para isso italianos, ingleses e alemães vinham ao país para constituir a força de trabalho que iria construir fábricas, pontes e ferrovias.
E são estes imigrantes que difundem por aqui a paixão pela prática esportiva, especialmente o futebol.
As indústrias Votorantim só viriam a se constituir oficialmente em 1918 (a partir da compra da Fábrica de Tecidos do Banco União por Antonio Pereira Ignacio), mas sua história já estava sendo gestada junto à história do futebol no Brasil. Em 1890, O Banco União já comprara as terras que dariam origem, no futuro, ao município de Votorantim e lá começou a construir uma fábrica de tecidos – esta fábrica foi levantada com a mão de obra e expertise de operários ingleses, que nos intervalos da obra praticavam de maneira recreativa sua nova paixão: o futebol, que ainda era novo no Brasil e fora trazido de sua terra natal.
Em pouco tempo, imigrantes italianos se juntaram aos ingleses e assim partilhavam além do mesmo trabalho na Fábrica de Tecidos Votorantim, a mesma paixão pelo futebol. Por isso, logo nas primeiras horas do novo século XX que nascia, era fundado o Votorantim Athletic Club e o Sport Club Savoia, time da fábrica e time da várzea da cidade, respectivamente. O time da Fábrica de Tecidos era composto basicamente por ingleses, enquanto o Savóia tinha em seu plantel uma grande maioria de jogadores italianos. Vale salientar que esses dois clubes são parte dos primeiros times de futebol a serem fundados no país.
Com o tempo, os dois clubes vão coexistindo, porém o Votorantim Athletic Club perde forças, os operários ingleses começam a voltar para sua terra natal, e a colônia italiana que apoiava o Savóia estava em constante crescimento: o time crescia em importância. Isso seguiu até 1904, quando o Savóia ganha apoio da Votorantim e passa a ser o time principal da Fábrica.
Ao adquirir a Fábrica de Tecidos em 1918, e iniciar a Sociedade Anonyma Votorantim, Pereira Ignacio recebe essa história e toda a paixão dos operários pelo futebol. Mais tarde, José Ermírio de Moraes viria a ser seu genro e sócio e seus descendentes dão continuidade ao incentivo ao esporte.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, times com nomes italianos – A Itália estava oficialmente em guerra com o Brasil – tiveram que mudar de nome para evitar maiores problemas. É nesse momento, por exemplo, que o Palestra Itália muda de nome para Palmeira, e o Savóia passa a se chamar Clube Atlético Votorantim. Seus operários da fábrica de tecidos formaram times e disputaram vários campeonatos. Na imagem, o time pousa para a foto em dia de partida contra o São Paulo Futebol Clube, na década de 1950. Estão na foto José Ermírio de Moraes Filho (de terno preto) e Leônidas Silva (último em pé, à direita), o “Diamante Negro”, artilheiro inventor do lance “bicicleta” no futebol e então técnico do São Paulo.
E O INTERESSE DOS IRMÃOS ERMÍRIO DE MORAES PELO FUTEBOL TAMBÉM ESTÁ EM IMAGENS RARAS E AFETIVAS DE NOSSO ACERVO
Muitas são as histórias dos clubes que nascem em fábricas. A Nitro Química, negócio da Votorantim até o ano de 2011, também teve vários times, nos quais muitas vezes, jogaram a segunda geração da Família Moraes – José Ermírio de Moraes Filho, Antônio Ermírio de Moraes e Ermírio Pereira de Moraes.
Uma família na torcida
Na fazenda Santa Maria, em Sorocaba, as crianças José Ermírio de Moraes Filho, Antônio Ermírio de Moraes e Maria Helena de Moraes, brincam de bola nos anos 1930.
Quando estudante na Colorado School of Mines, nos EUA, Antônio Ermírio de Moraes também foi goleiro do time da universidade.